terça-feira, 20 de setembro de 2011

FREI PEDRO E FREI CORNÉLIO

Pedro e Cornélio                                                            
Dois irmãos e uma só conduta – o amor ao Próximo                           

Quando os franciscanos chegaram em Ubá, 1957, tudo mudou, diz Dona Olga Carneiro. Frei Pedro Schellen, aos 61 anos, pároco da Igreja São Januário e seu adjuvante Frei Cornélio Goteenbos, com 41 anos, eram ambos holandeses.  Com amor, simplicidade, doação, e larga cultura humanista foram mestres em Ubá. Outros bons franciscanos vieram, e até hoje em Ubá estão...
O espírito de cooperação imperou.  A Igreja fervilhava.. Os paroquianos conheceram uma nova pedagogia. Os sermões de Frei Pedro na missa das dez eram palavras de um sábio dirigidas ora aos homens, ora às mulheres... e a Igreja fervilhava.
Apaixonados pelo Brasil e por Ubá, desde o primeiro dia realizaram obras sociais sólidas. Vimos florescer não as tulipas de sua terra, mas a distribuição de alimentos e cobertores; a Reforma da Matriz; a ABC – Ação Beneficente Católica: o Lactário; a Vila das Viúvas, a Igreja São Sebastião; o Hospital Maternidade Santa Isabel com recursos da herança de suas famílias, e com enfermeiras holandesas de alta qualificação; a sopa dos pobres; A missa de S. Antônio; a via sacra pelas ruas enfeitadas – que beleza! as Festas de São Brás, reunindo a colônia italiana... E o desfile de São Januário com participação de escolas, bandas, carros alegóricos, dos imigrantes e suas roupas típicas... Marcou época.
Frei Pedro era alegre, culto, extrovertido e festeiro, sem contar os whisquinhos que gostava de tomar. Frei Cornélio era tímido, suave, realizador - Deixai vir a nós as criancinhas, logo no primeiro dia anunciaram: aos domingos, celebraremos a missa das crianças.
A marca de Frei Pedro era a sonora gargalhada e o vozeirão de barítono. Era divertido observar o seu modo de agir, seus gestos bruscos, seu modo todo especial de bater a porta do sacrário, de jogar a chave sobre o altar, conta o Sr. Ibsen no Livro de Tombo.
Frei Pedro foi mais ubaense que os aqui nascidos, porque foi por opção. Quando já sem compromisso paroquial viajou em férias à sua terra natal, em 1971, e foi convidado por sua irmã, única viva, para permanecerem juntos lá, (...) preferiu voltar para aqui viver até repousar seus restos mortais junto de seu confrade e amigo frei Cornélio, falecido em 1970 provocando grande comoção na cidade. 
Frei Pedro faleceu em 1972, como um franciscano - nada possuía de bens pessoais, a não ser uma velha máquina de escrever. Deixou unicamente três álbuns de selos, seu hobby preferido, e uma boa quantidade de cachimbos usados. E uma grande saudade. Seu breviário, manuseado na leitura diária, já roto, foi relíquia herdada por Dona Olga Carneiro e está enterrado debaixo de um pinheiro, no seu quintal – o Cantinho do Frei Pedro.

Fernanda Carneiro, Rio, agosto de 2011.

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