quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

TEXTO "CINE BRASIL" DE JORGE CIOTTI FILHO




Vejam que texto saboroso que o Jorgim escreveu com muita propriedade, verdadeira viagem através de um tempo inesquecível da nossa adolescência na nossa querida Ubá.
Abs.
Pádua
Tempo bão!  
Domingo , Cine Brasil - Matinée
A sirene gritava!
A gente ouvia lá de casa e  sabia que faltavam 20 minutos para começar a sessão. Saía correndo do “jantarado”, pegava a bicicleta e voava pro cinema pra pegar um bom lugar, senão, tinha que ficar na escadinha do lado direito, quase dentro da tela. Que loucura!!!!!!!

Fernando Marques –Cachorrão - na bilheteria (Gente fina. Óculos de lentes  grossas, cara emburrada, mas uma moça de educação e bondade. Algumas vezes me deixava entrar de graça para pagar depois. Eu pagava depois e  ele nem se lembrava do débito mas fingia que sim.
DasDôr – sempre séria e elegante -  na portaria.
Lá dentro era o de sempre: Tinha o Gibilim vendendo e trocando revistas. Tinha o Bala de Côco (bem mais tarde). A gente debatia como o Johny Weismuller ia salvar a Nioka da serra elétrica gigante do domingo anterior,ou qual a solução que o Mocinho do momento ia dar para salvar a Mocinha do momento.

Márcia  Rocha, do Heró, brigava comigo, de tapa e tudo, por querer “guardar lugar”. Algumas vezes, raras, eu ganhava. Apanhava em quase todas (ela era baixinha, mas brava como quê!). JJ
Era proibido guardar lugar. Tinha até um letreiro luminoso nos dando autoridade para não aceitar.


Depois as luzes iam mudando de cor. Quando acendiam as verdes  ia começar!!!!! A meninada gritava como loucas! Ia começar.!! A gente fazia a maior  zoada na matinée de domingo no Cine Brasil, do “Gustim Marques”.

O Joaquim, coitado,  ficava maluco com tanta bagunça. Fingia uma bravura que não tinha, só para botar moral.
Não fosse isso a gurizada “esquartejava” ele.

Se tivesse briga e o mocinho ganhava a gente zoava, berrava, gritava......................,
Se o mocinho beijava a mocinha a gente vaiava. “Filme de amor” era uma praga. Pra nós meninos, se tinha beijo era “filme de amor”.
O Ray Rogers só sabia apanhar e cantar. No final descontava um pouco, mas sofria o filme todo.
Bom mesmo era o Durango Kid. Não levava desaforo.
O Gary Cooper já era muito coroa e até meio gagá.
John Wayne também era o cão bravo, com aquela voz de texano e andar arrastado.

Os índios, coitados, sempre colocados como vilões sanguinários, eram odiados pela meninada. Cada vez que um era derrubado do cavalo –as vezes com relógio de pulso no braço- quase enlouquecíamos de tanta vibração. Quando chegava a Cavalaria então, aí o cinema vinha abaixo! E tome a morrer índios.
(mais tarde vim a descobrir o quanto de manipulação havia naquelas “mensagens”)

Rock Hudson era o galã bonitão protetor das moças. Me enganou direitinho, ainda bem. Naquela época nem sabia que existia homossexualismo.  Pasmem: Ainda nem sabia que tinha sexo, exceto que havia palavras e coisas masculinas e femininas: os meninos eram masculino e as meninas eram feminino. Simples assim!
Santa e bela  inocência! Não duvido que estagiários de anjos dormissem em meu quarto todas as noites.


O resto da semana era um preguiçoso arrastar de tempo até chegar o Domingo. Enquanto isso, deixávamos a imaginação engendrar as mil soluções para salvar o Mocinho ou a Mocinha da  última enrascada em que se meteram. Os bandidos e os índios que se cuidassem......................

Tinha meus felizes oito/nove anos.

Êta tempo bão sô!








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