O BILHETE

 O Bernardo sempre defendeu o respeito ao direito autoral das vias;  era uma de suas principais bandeiras. Como não poderia ser , defendia também o direito autoral das frases: direito autoral deve ser válido para todos os fins. 
    Logo nos primeiros dias foi amplamente divulgado nos meios de comunicação e distribuido por e-maill e blogs, um bilhete onde seria relatado o amor dele às montanhas e vem sendo, repetidamente, utlizado em homenagens a ele.
  A família, que concorda com o respeito ao direito autoral, seja de vias, palavras etc., não pode deixar de comunicar que O BILHETE NÃO FOI ESCRITO POR ELE NA VÉSPERA DE SUA VIAGEM À PATAGÔNIA.
 Foi escrito em 2009 e postado no perfil dele no Orkut de onde deve ter sido tirado para entrega-lo à imprensa. 
     Foi escrito por uma ex-namorada e não por ele.  Quem conhece a sua letra sabe que não foi ele que escreveu.  Quem conhece a personalidade dele, sabe que não é frase que sairia da sua boca , mesmo que ele considerasse refletir a média do pensamento dos montanhistas.  Talvez aí a razão dele ter postado no Orkut.
  O clima romântico e de despedida criado pelo bilhete encobriu o que, realmente, tinha de ter sido feito naqueles primeiros momentos do acidente - que era tomar providências para salvá-lo, pois ele poderia estar vivo no momento em que tal bilhete foi divulgado.
  Publicaram uma inverdade, criando um clima de despedida e de aceitação de seu destino de permanecer para sempre na montanha, envolvendo emocionalmente as pessoas ligadas ao Bernardo, já abaladas e fragilizadas pela notícia do acidente.
    Confundiram, propositalmente, ou não, conceitos pois existe uma dieferença muito grande entre ser colocado morto em um local para ali permanecer para sempre e ser largado vivo no frio da montanha para morrer.
    Não temos dúvidas de que ele não conseguiria sair da montanha por seu prórpios meios.  Se isto fosse possível nada teria acontecido. Ele teria voltado.
    Mas também não temos dúvidas de que ele queria ser salvo.  Caso contrário não teria pedido à Kika para buscar socorro. 
    Ele sim, QUERIA SER SALVO, até para poder tentar novamente.
  Este fato, por si só, demonstra quão desencontradas e desvestidas  da verdade podem ser as informações divulgadas.
    A notícia da falsa autoria  chama a atenção para quão duvidosas podem ser as informações que recebemos . Isso dá solidez a todos os nossos questionamentos. Isso justifica nossa desconfiança.
    E por isto repetimos várias vezes: CONTINUAMOS DUVIDANDO. NÃO DESISTIMOS .
  Duvidamos da primeira versão, duvidamos da impossibilidade do resgate, não de sua dificuldade, e continuamos buscando a verdade.
 Heliane Damiano Collares (mãe do Bernardo)